sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Coluna Cinema - por J.P. Teixeira

Retratos de Truffaut e James Jean

Os Incompreendidos, dirigido por Truffaut, e exibido pela primeira vez em 1959, pintam na tela as novas relações da sociedade pós-guerra. Belo, didático e sintético, a obra prima do diretor francês retrata com sobriedade às mudanças comportamentais que desembocam na revolução cultural da década de 60 e na efervescência dos anos 70.


O plano de filmagem individual, fino e preciso, deixa de lado a família e salta para o grosso do conflito político. O simbolismo está na queda do poder pátreo e transita, sem piedade, pela desordem, o caos e a estagnação. O pai se torna inexpressivo, a mãe perde o controle do lar e o filho “ganha de presente” a rebeldia. Tudo magistralmente guiado sem a melancolia política ou a panfletagem ideológica de Eisenstein.

A indignação adolescente diante do mundo é tão gritante que se torna o alicerce do icônico Juventude Transviada. Dirigido genialmente pelo americano Nicholas Ray, o protagonista James Dean se destaca em contra-plongeé sobre o próprio pai. O elemento estético é considerado por muitos a melhor cena do cinema desde Cidadão Kane. É a síntese de uma modelo que se consagrou pela análise familiar, a psicanálise aplicada e o ideal ultra-romântico do herói sem títulos e códigos de honra.

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