Do ringue para a vida
O cinema norte-americano sabe filmar a emoção que se passa nas quatro linhas do boxe. Fotografar os instantes decisivos que permeiam o confronto entre dois lutadores. Um dos mais belos relatos do esporte acontece na parceria entre Martin Scorsese e Robert De Niro em Touro Indomável (Raging Bull, 1980).
Genais como o fotógrafo Neil Leifer, que usou o mais imprevisível ângulo de Mohamed Ali para conseguir a melhor imagem esportiva do século XX, Raging Bull ocupa o Top 10 do conceituado American Film Institute. Com enredo magnífico e fotografia digna do pintor francês Courbet, o filme tem ainda o toque narrativo do lendário protagonista Jake La Motta.
A construção do campeão mundial de boxe é entrelaçada à decadência na vida domiciliar da personagem. Nos guetos do subúrbio nova-iorquino, o imigrante italiano acende meteoricamente até vestir o cinturão de ouro. Misturado, é claro, aos cenários boêmios, diálogos autorais de Scorsese e a ótica literária de Flaubert - pai da prosa realista.
Os conflitos familiares, os meandros de um dos esportes mais populares da história e a violência em primeira pessoa dão o tom de predestinado lutador de boxe no conturbado momento histórico de 1941. Filmado em preto em branco, é um profundo mergulho psicológico dentro e fora dos ringues.
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