domingo, 17 de janeiro de 2010

Coluna Cinema - por João Paulo Teixeira



Pedagogia nas telas

Não é de hoje que o cinema repassa mensagens edificantes aos seus espectadores. A ideia surge com os próprios irmãos Auguste e Louis Lumière e se aprofunda com o francês Méliès. Em uma época de improvisos e experimentações, Méliès produziu mais de 450 peças cinematográficas com um só objetivo: utilizar o revolucionário movimento sequencial para contar uma história.


Mas a coluna dorsal das obras modernas, tal qual a conhecemos, foi elaborada pelo aclamado diretor David Wark Griffith (O Nascimento de uma Nação, 1915). Séculos além de seu tempo, Griffith se vale de sua formação dramatúrgica para sensibilizar o espectador. Pioneiro nos efeitos de montagem paralela, movimentos de câmera e sua maior invenção, o plano detalhe, Griffith alia atuação e edição para compor os primeiros longas-metragens do cinema.

O breve histórico é mais que um “nariz de cera”. Serve para ilustrar como, décadas depois, ganha espaço nos estúdios comerciais um italiano que viria a ser um dos cineastas mais importantes dos Estados Unidos: Frank Capra. Filho de agricultores analfabetos da Sicília, Capra se muda para Los Angeles, e, depois de sofrida e extensa peregrinação, recebe a incumbência do governo norte-americano para filmar documentários que encorajariam soldados na Segunda Guerra Mundial.

O sucesso de Capra utilização dos filmes como instrumento ideológico rendeu-lhe prêmios entregues pelos presidente Marshall e o primeiro ministro Churchill, respectivamente dos EUA e Inglaterra. Um ano depois das trincheiras, o cineasta se envolve no que pode se chamar de o filme mais belo e emocionante de sua carreira: A Felicidade Não Se Compra (It's a Wonderful Life, 1946).

É o simples relato de um homem que, na meia-idade, desilude-se da vida após ajudar praticamente todos os moradores da pacata Bedford Falls. Os deuses, então, enviam um anjo sem asas que, com pedagogia pura, mostra o mundo sem a interferência benevolente do protagonista George Baile (James Stewart). Na iminência do suicídio, Baile descobre a importância da família e a força da amizade. Tudo na genialidade de um diretor que soube pintar a emoção nas telas. Impactante de tirar lágrimas dos olhos.

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