terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Coluna Poesia - por Nilson Gomes


O soneto que se lê a seguir é de Cyllenêo de Araújo, que com o pseudônimo de Léo Lynce foi considerado "príncipe dos poetas goianos". Mas não por isso: pela qualidade dos textos. Nasceu em Piracanjuba-GO, à época (1884) ainda chamada de Pouso Alto. Foi jornalista, juiz de Direito, deputado estadual. Pela atuação política, foi forçado a se mudar de Goiás, primeiro para o Rio de Janeiro e, depois, Uberaba-MG. Voltou ao Estado, porém, não mais como parlamentar ou magistrado: balconista em Palmeiras (então Alemão), contador em Jataí, inspetor agrícola (na velha Vila Boa). Com a palavra, o príncipe Léo Lynce:


Nós

Na pequena cidade sertaneja,
cheia de tédio e de melancolia,
para a bisbilhotice malfazeja
o nosso amor é o escândalo do dia.

Na rua, no cinema e até na igreja,
somos o alvo da tola burguesia,
que os nossos passos, cúpida, fareja,
levada pela inveja que a excrucia.

Para que seja um fato verdadeiro
o delito de que ela nos acusa,
não se se falta muito ou falta pouco.

Nós andamos por um despenhadeiro:
tu, cada vez mais fraca na recusa;
eu, por teu beijo, cada vez mais louco.

Um comentário:

  1. esse NILSOn gomes é um tremendo banana,

    só fala água e vive uma profunda iusão.

    ResponderExcluir