Mordida na língua
De baixo e debaixo
A Folha de S. Paulo, na edição do dia 19/4, exibiu matéria sobre divulgação da Standard & Poor´s – agência mundial de avaliação do risco de papéis de dívida – em relação à perspectiva negativa de os EUA no futuro não poderem pagar suas dívidas federal e pública, respectivamente R$ 1,6 bilhão e R$ 14,2 bilhões. Na mesma edição, foi publicado um artigo de Vinicius Torres Freire – A crise sai debaixo do tapete –, pertinente ao assunto da matéria acima mencionada.
Pois bem. Sobre a palavra sublinhada no título do artigo, vale observar que ela está grafada incorretamente. Entre “de baixo” (preposição + adjetivo) e “debaixo” (advérbio de lugar), devemos nos atentar ao fato de que a primeira grafia está ligada à ideia de “lugar de onde”, a segunda à ideia de “lugar onde”.
Se nos valermos do verbo do título, no caso “sair”, e perguntarmos “a crise saiu de onde?”, perceberemos que a grafia correta é “de baixo”. Isso explicita a ideia de “lugar de onde”.
Pela frase “Debaixo da terra é o lugar onde vivem as minhocas”, perceberemos que “debaixo” é grafia apropriada. Tal frase em outra construção seria: As minhocas vivem debaixo da terra. Neste caso, a palavra em questão é seguida da preposição “de”, que pode se fundir com os artigos o e a, formando do e da.
Exemplos
“Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves...”
O menino levou o livro debaixo do (de+o) braço.
Debaixo da (de+o) mesa, estava a menina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário